O Veado-Catingueiro (Mazama gouazoubira): Um Cervídeo Neotropical Fascinante

Série: Animais Silvestres - Cervídeos / Conservação e Manejo de Fauna Projetos: Eco Cidadão do Planeta ICA/UFMG. Artigo Técnico/ Conscientização/ Ponto de Vista nº 1 Autor:  Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG

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4/1/2025

O Veado-Catingueiro (Mazama gouazoubira): Um Cervídeo Neotropical Fascinante

Série: Animais Silvestres: Cervídeos / Conservação e Manejo de Fauna

Projetos: Eco Cidadão do Planeta ICA/UFMG.

Artigo Técnico/ Conscientização/ Ponto de Vista nº 1

Autor:  Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG

Classificação Taxonômica do Veado-catingueiro

O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) é um cervídeo neotropical de pequeno porte. Sua classificação taxonômica é a seguinte (Wilson & Reeder, 2005; IUCN, 2023):

  • Reino: Animalia

  • Filo: Chordata

  • Classe: Mammalia

  • Ordem: Artiodactyla

  • Família: Cervidae

  • Gênero: Mazama

  • Espécie: Mazama gouazoubira

A classificação taxonômica é uma ferramenta fundamental na biologia, permitindo a organização e categorização da vasta diversidade de seres vivos. Esta abordagem ajuda os cientistas a compreenderem melhor as relações entre diversas espécies, sua evolução e seu papel nos ecossistemas. O veado-catingueiro, conhecido cientificamente como Mazama gouazoubira, é um exemplo representativo desse processo classificatório. Vamos examinar seu posicionamento taxonômico desde o reino até a espécie.

Iniciando pelo nível mais abrangente, o veado-catingueiro pertence ao Reino Animalia, que abrange todos os organismos multicelulares que possuem sistemas nervosos, com exceção de algumas classes como os esponjas. No próximo nível, a Filo Chordata é a categoria que inclui todos os animais que possuem notocorda em algum estágio de seu desenvolvimento, um atributo importante para os vertebrados.

Subsequentemente, a Classe Mammalia é onde encontramos o veado-catingueiro, destacando-se entre outros mamíferos por características como a presença de glândulas mamárias e pelos corporais. Dentro dessa classe, o veado é classificado na Ordem Artiodactyla, que são os animais de casco par, uma adaptação que permite melhor locomção em habitats variados.

Prosseguindo, a Família Cervidae constitui um grupo vital da ecologia, que inclui todos os cervídeos, e o gênero Mazama, que abriga o veado-catingueiro, é conhecido pela sua diversidade de espécies de pequeno porte. Por fim, a espécie Mazama gouazoubira é uma evidência da rica biodiversidade presente no contexto neotropical, ressaltando sua singularidade e importância ecológica. Compreender essa classificação nos permite estudar e conservar melhor essa espécie e seu habitat.

Características físicas e adaptações

  • Tamanho: 60–90 cm de altura no garrote; peso de 15–25 kg (Black-Decima, 2000).

  • Pelagem: Marrom-acinzentada uniforme, mais clara na região ventral (Weber & González, 2003).

  • Chifres: Presentes apenas nos machos, pequenos e retos (3–13 cm), sem ramificações (Pinder, 1996).

  • Glândulas odoríferas: Presentes nos cascos e entre os olhos, usadas para marcação territorial (Black-Decima et al., 2016).

O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) é um cervídeo neotropical que apresenta diversas características físicas e comportamentais que o tornam uma espécie fascinante. Este animal geralmente possui um tamanho pequeno a médio, podendo medir entre 70 a 100 centímetros de comprimento e com altura de 50 a 80 centímetros na cernelha. O peso varia de 25 a 40 quilos, dependendo da subespécie e do habitat em que vive. Sua pelagem é uma das características mais marcantes; ela é composta por um pelo curto e denso, que varia em tonalidades de marrom a acastanhado, permitindo que o veado-catingueiro se camufle eficazmente em seu ambiente florestal e de cerrado.

Um dos aspectos únicos do veado-catingueiro é o dimorfismo sexual, que se manifesta principalmente no tamanho e na coloração. Os machos costumam ser ligeiramente maiores e apresentam uma pelagem mais escura, enquanto as fêmeas têm uma coloração mais clara e são menores em estatura. Esta distinção é importante, pois pode influenciar a dinâmica social e reprodutiva da espécie. Além disso, os veados-catingueiros possuem algumas adaptações sensoriais que auxiliam na sua sobrevivência. A visão é excepcionalmente adaptada para perceber movimentos, o que é crucial na detecção de predadores, enquanto seu olfato é bastante apurado, permitindo-lhes localizar alimento e se comunicar através de marcas de cheiro.

É interessante notar que o veado-catingueiro tem hábitos predominantemente noturnos, sendo mais ativo durante o crepúsculo e a noite. Isso não apenas minimiza o risco de predação, mas também se alinha com suas necessidades alimentares, pois ele se alimenta principalmente de folhas, frutos e brotos que estão disponíveis em maior abundância durante estas horas. Estas características, aliadas ao seu comportamento, mostram como o veado-catingueiro é uma espécie bem adaptada ao seu habitat natural.

Distribuição Geográfica e Habitat

  • Ampla distribuição: Do Panamá ao norte da Argentina, presente em todos os biomas brasileiros (Eisenberg & Redford, 1999).

  • Habitat preferencial: Cerrado, Caatinga, Chaco e bordas de florestas (Vogliotti & Duarte, 2009).

  • Tolerância a ambientes alterados: Pode ocorrer em áreas agrícolas e pastagens (Ferreguetti et al., 2015).

O veado-catingueiro, conhecido cientificamente como Mazama gouazoubira, é um cervídeo neotropical que se distribui amplamente por várias regiões da América do Sul. Sua presença é notável em países como Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. A flexibilidade ecológica da espécie permite que ela habite uma variedade de ambientes, adaptando-se tanto a florestas tropicais densas quanto a áreas de cerrados e pampas. Essa adaptabilidade é um dos aspectos mais fascinantes do veado-catingueiro, contribuindo para sua sobrevivência em diferentes condições climáticas e geográficas.

Nas florestas tropicais, o veado-catingueiro se beneficia da densa vegetação que oferece abrigo e uma vasta gama de recursos alimentares, como folhas, frutos e brotos. Esses habitats, caracterizados por alta umidade e temperaturas amenas, são ideais para a alimentação e reprodução da espécie. Adicionalmente, as florestas fornecem proteção contra predadores e permitem que o veado-catingueiro se mova de forma discreta, essencial para sua sobrevivência em ambientes com grande diversidade de fauna.

Por outro lado, em áreas de cerrado e pampas, o veado-catingueiro demonstra sua versatilidade ao se adaptar a ecossistemas mais abertos e secos. Esses habitats, que apresentam uma vegetação menos densa, ainda oferecem oportunidades de alimentação por meio de gramíneas e arbustos disponíveis. A escolha do habitat para o veado-catingueiro é amplamente influenciada por fatores ecológicos, como disponibilidade de alimento, presença de predadores e condições ambientais como umidade e temperatura. A capacidade da espécie de habituar-se a diferentes ambientes é um indicador de sua resiliência e sustentabilidade dentro do complexo ecossistema da América do Sul.

Comportamento e estrutura social do Veado-Catingueiro

  • Solitário: Interações sociais limitadas ao período reprodutivo (Black-Decima, 2000).

  • Atividade: Crepuscular e noturna, com picos ao amanhecer e anoitecer (Di Bitetti et al., 2008).

  • Comportamento territorial: Machos marcam território com fezes, urina e secreções glandulares (Black-Decima et al., 2016).

O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) é um cervídeo neotropical que apresenta um comportamento social e reprodutivo intrigante. Esses animais são frequentemente considerados semi-sociais, uma vez que podem ser encontrados tanto em grupos pequenos quanto solitários, dependendo de fatores como a disponibilidade de recursos e o ambiente. Durante a maior parte do ano, os veados-catingueiros tendem a viver de forma mais independente, mas podem formar interações temporárias durante a época de reprodução.

A comunicação entre esses cervídeos ocorre principalmente através de vocalizações e sinais olfativos. Os machos utilizam chamadas para atrair fêmeas durante o período reprodutivo, enquanto as fêmeas podem emitir sons para alertar sobre predadores ou sinalizar o status reprodutivo. O uso de marcas olfativas, como a secreção de glândulas, também desempenha um papel importante na comunicação social entre os indivíduos, ajudando a estabelecer territórios e a reconhecer pares.

Um aspecto notável do comportamento do veado-catingueiro é seu padrão de atividade. Esses cervídeos são considerados crepusculares, ou seja, apresentam maior atividade nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Esse padrão permite que evitem o calor intenso do dia e reduzem a probabilidade de encontros com predadores, aumentando assim suas chances de sobrevivência. Além disso, eles adaptam suas estratégias comportamentais, sendo mais cautelosos em áreas com maior pressão de predadores e ajustando sua atividade a padrões de luz e temperatura.

Essas características do comportamento social e reprodutivo do veado-catingueiro são fundamentais para entender sua ecologia e seus modos de vida. A adaptabilidade do veado-catingueiro demonstra como fatores ambientais e sociais influenciam suas interações e estratégias de sobrevivência no habitat neotropical.

Dieta e estratégias de alimentação

  • Browsers seletivos: Alimenta-se principalmente de folhas, brotos, frutos e flores (Pinder, 1996).

  • Adaptações digestivas: Rúmen pequeno adaptado a dietas de alta qualidade (Bodmer, 1989).

O veado-catingueiro possui uma dieta diversificada que reflete as características vegetais do seu habitat neotropical. Este cervídeo é herbívoro e tende a alimentar-se predominantemente de folhas, brotos e frutos, dependendo da disponibilidade sazonal de cada tipo de alimento. Sua alimentação é um reflexo da vegetação densa encontrada nas florestas tropicais e nas áreas de cerrado, proporcionando uma rica fonte de nutrientes essenciais para a sua sobrevivência.

Os hábitos alimentares do veado-catingueiro estão adaptados ao seu ambiente, e suas preferências ajudam a moldar o ecossistema onde habita. Por exemplo, ao se alimentar de folhas e brotos, eles não apenas garantem sua nutrição, mas também desempenham um papel importante na manutenção da vegetação, promovendo o crescimento de plantas em áreas que podem ser superadas por outras espécies. Este ciclo de alimentação e crescimento contribui para a diversidade da flora local, essencial para a saúde do ecossistema.

Além disso, o sistema digestivo do veado-catingueiro é adaptado para processar tipos variados de material vegetal. Possuem um estômago com múltiplas câmaras, similar aos ruminantes, permitindo a quebra eficiente de celulose e absorção de nutrientes. Essa adaptação é crucial, pois os cervídeos normalmente consomem grandes quantidades de alimento para atender às suas necessidades energéticas e, consequentemente, manter sua saúde e reprodução. A qualidade da dieta está diretamente ligada ao estado físico e à capacidade de sobrevivência, tornando os padrões alimentares essenciais para a conservação da espécie.

Em suma, a alimentação do veado-catingueiro, sua dieta à base de folhas, frutos e brotos, não só sustenta o indivíduo, mas também interage com o ecossistema, demonstrando como esse cervídeo neotropical desempenha um papel vital em seu habitat natural.

Reprodução e ciclo de vida do Veado-Catingueiro

  • Gestação: ~7 meses, com nascimento de um único filhote (Pinder, 1996).

  • Cuidado parental: Fêmeas escondem os filhotes na vegetação densa nas primeiras semanas (Black-Decima, 2000).

  • Maturidade sexual: 12–18 meses; longevidade de 10–12 anos na natureza (Weber & González, 2003).

O ciclo reprodutivo do Mazama gouazoubira é um aspecto fundamental para a sobrevivência dessa espécie neotropical, que reside em diversas áreas florestais da América do Sul. A época de reprodução geralmente ocorre entre os meses de setembro e dezembro, coincidindo com a estação chuvosa que oferece abundância de alimento e melhores condições para a sobrevivência dos filhotes. Durante esse período, os machos tornam-se mais ativos e começam a exibir rituais de cortejo para atrair as fêmeas. Esses rituais incluem exibições visuais e vocais que demonstram sua força e saúde, essenciais para a seleção sexual.

Após o acasalamento, a fase de gestação dura cerca de sete meses, culminando no nascimento de um ou, raramente, dois filhotes. As fêmeas dão à luz em locais isolados e seguros para proteger os recém-nascidos de predadores. Essa estratégia de reprodução destaca a importância do cuidado parental, onde a mãe desempenha um papel ativo na proteção e na nutrição dos filhotes, que permanecem dependentes do leite materno por vários meses. Durante os primeiros dias de vida, os filhotes são mantidos em locais escondidos, permitindo que a mãe se afaste em busca de alimento sem atrair a atenção de predadores.

O desenvolvimento dos filhotes é gradual; após algumas semanas, eles começam a acompanhar a mãe nas forrageiras. A socialização e as interações com a mãe são cruciais para o aprendizado de comportamento e habilidades de sobrevivência. A reprodução e o crescimento saudável dos filhotes são vitais para a manutenção da população do veado-catingueiro, que enfrenta ameaças devido à perda de habitat e à caça. Portanto, assegurar que os rituais de acasalamento e os processos reprodutivos ocorram sem interrupções é fundamental para a preservação dessa espécie fascinante e seu papel no ecossistema neotropical.

Papel Ecológico do Veado-Catingueiro

  • Dispersão de sementes: Consome frutos e dispersa sementes intactas (Bodmer, 1989).

  • Presas para carnívoros: Importante na cadeia alimentar para onças e jaguatiricas (Di Bitetti et al., 2008).

O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) desempenha um papel ecológico fundamental nos ecossistemas neotropicais que habita. Como um herbívoro, este cervídeo é essencial para a dinâmica da vegetação, uma vez que se alimenta de várias espécies de plantas, ajudando a manter o equilíbrio entre diferentes comunidades vegetais. Essa espécie, ao se alimentar, prevalece sobre algumas plantas, o que resulta em um acesso mais equitativo à luz e nutrientes para outras variedades que, de outra forma, poderiam ser suprimidas.

Além disso, o veado-catingueiro é um importante agente na dispersão de sementes. Através de seu consumo de frutos e vegetação, as sementes que não são digeridas são excretadas em locais diferentes, facilitando a colonização de novas áreas por plantas. Essa dispersão contribui significativamente para a regeneração das florestas e a manutenção da biodiversidade. Evidentemente, a presença de cervídeos como o veado-catingueiro pode alterar a estrutura das comunidades vegetais, influenciando a composição e a abundância de diferentes espécies em seu habitat.

Vale também ressaltar que, como consumidores primários, os veados-catingueiros fazem parte da base da cadeia alimentar, servindo de presa para diversos predadores naturais. Essa interação é vital para o controle populacional de espécies predadoras e herbívoras, assim como para a saúde geral do ecossistema. A presença contínua e saudável de veados-catingueiros é, portanto, um indicativo do bem-estar do habitat que ocupam. Em suma, este cervídeo é uma peça chave nas interações entre espécies e na manutenção da funcionalidade dos ecossistemas em que está inserido.

Ameaças e Status de Conservação

  • Ameaças: Caça ilegal, atropelamentos, perda de habitat e competição com espécies exóticas (IUCN, 2023).

  • Status (IUCN): "Pouco preocupante" (LC), mas com populações declinantes em algumas regiões (Vogliotti & Duarte, 2009).

Programas de conservação e legislação

  • Projetos de monitoramento: Uso de armadilhas fotográficas em unidades de conservação (Ferreguetti et al., 2015).

  • Leis: Protegido pela Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/1998) e listado no ICMBio (2022).

O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) é uma espécie que enfrenta diversas ameaças que comprometem sua sobrevivência no habitat neotropical. A perda de habitat é uma das principais dificuldades que esses cervídeos enfrentam, resultante da expansão agrícola, desmatamento e urbanização. A degradação das florestas e áreas pantanosas diminui as fontes de alimentação e abrigo, tornando-os vulneráveis a predadores e a outras espécies competidoras. Essa situação não só afeta diretamente a população de veados, mas também impacta a biodiversidade local, uma vez que eles desempenham um papel importante no ecossistema.

A caça é outra ameaça significativa ao veado-catingueiro. Ele é frequentemente alvo de caçadores, seja por sua carne ou por motivos recreativos. A pressão da caça indiscriminada pode causar declínios acentuados em suas populações, especialmente em regiões onde a regulamentação é fraca e não há monitoramento eficaz. Além disso, práticas de caça que não respeitam os períodos de reprodução podem contribuir para a diminuição da taxa de natalidade, agravando ainda mais a situação da espécie.

As mudanças climáticas também trazem riscos consideráveis, pois alteram os habitats e as condições climáticas que sustentam o veado-catingueiro. Mudanças na temperatura e nas precipitações podem afetar a vegetação, reduzindo a disponibilidade de alimentos para esses animais. O impacto cumulativo dessas ameaças levou a uma crescente preocupação com o status de conservação da espécie. Atualmente, o veado-catingueiro é classificado como "quase ameaçado" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Curiosidades

  • Também conhecido como "veado-campeiro" ou "guazuncho" (Argentina).

  • Não possui chifres ramificados como outros cervídeos.

Importância cultural

  • Alvo frequente da caça de subsistência em comunidades rurais (Alves et al., 2009).

Informações Adicionais sobre o Veado-catingueiro (Mazama gouazoubira):

1 Adaptações Fisiológicas e Comportamentais

· Termorregulação: Possui hábitos predominantemente noturnos/crepusculares para evitar altas temperaturas diurnas em biomas abertos como Cerrado e Caatinga (Ferreguetti et al., 2017).

· Locomoção: Patas estreitas e cascos afiados permitem movimentos ágeis em terrenos acidentados e fuga rápida de predadores (Black-Decima et al., 2016).

2. Variabilidade Genética e Subespécies

Estudos moleculares identificaram variações geográficas significativas:

· Subespécies reconhecidas:

o M. g. gouazoubira (região central da América do Sul)

o M. g. nemorivaga (Amazônia)
Diferenciadas por padrões de pelagem e tamanho corporal (González et al., 2015).

3. Interações Ecológicas

· Competição: Sobreposição de nicho com Mazama americana em áreas de floresta, onde se segregam por hábitos alimentares (Vogliotti, 2008).

· Predadores: Além de felinos, é alvo de cachorros-do-mato (Cerdocyon thous) e aves de rapina para filhotes (Di Bitetti et al., 2008).

4. Sensibilidade a Perturbações Ambientais

· Fragmentação: Estudos no Cerrado mostraram que requer fragmentos >100 ha para populações viáveis (Ferreguetti et al., 2018).

· Efeito de borda: Evita áreas abertas próximas a rodovias, reduzindo seu deslocamento em paisagens fragmentadas (Cullen Jr. et al., 2000).

5. Dados Demográficos

· Densidade populacional:

Bioma Densidade (ind./km²) Fonte

  • Cerrado 0.5–2.1 Ferreguetti et al. (2015)

  • Pantanal 1.8–3.3 Tomas et al. (2010)

  • Mata Atlântica 0.3–1.0 Vogliotti (2008)

6. Doenças e Parasitos

· Principais patógenos:

  • Vírus: Febre aftosa (sorologicamente detectado)

  • Parasitos: Carrapatos (Amblyomma sculptum) e nematódeos gastrointestinais (Duarte et al., 2012).

7. Estratégias de Conservação Prioritárias

  1. Corredores ecológicos: Conexão entre fragmentos no Cerrado (Projeto Cerrado-Pantanal, ICMBio).

  2. Manejo de UCs: Monitoramento via armadilhas fotográficas em PARNA Chapada dos Veadeiros.

  3. Educação ambiental: Envolvimento de comunidades rurais contra a caça (Programa Pró-Carnívoros, IPÊ).

8. Pesquisas Recentes (2020–2023)

  • Telemetria por GPS: Estudos na Serra da Canastra revelaram áreas núcleo de 5–8 km² por indivíduo (Assis et al., 2021).

  • Genômica: Sequenciamento do genoma identificou genes associados à digestão de folhas (Projeto Genome 10K, 2022).

Considerações

Diante desse cenário, diversas medidas de proteção têm sido implementadas, incluindo a criação de reservas e parques que buscam conservar o habitat natural e a fauna local. Os esforços de conservação também se concentram na sensibilização da população local sobre a importância desse cervídeo para a biodiversidade. A continuidade dessas atividades é essencial para garantir a sobrevivência do veado-catingueiro e a saúde dos ecossistemas que habitam. Este artigo evidencia a complexidade ecológica do veado-catingueiro, reforçando a necessidade de pesquisas contínuas sobre sua ecologia espacial e genética para conservação efetiva.

Referencias

  • ASSIS, C. P. et al. Movements of gray brocket deer in Brazilian savanna. Journal of Mammalogy, v. 102, p. 1–12, 2021.

  • BLACK-DECIMA, P. A. Mazama gouazoubira. In: Neotropical Cervidology. Funep, 2000.

  • BODMER, R. E. Frugivory in Amazonian Artiodactyla. Journal of Tropical Ecology, v. 5, p. 47–53, 1989.

  • CULLEN JR., L. et al. Effects of roads on mammals in forest fragments. Biological Conservation, v. 93, p. 95–102, 2000.

  • DI BITETTI, M. S. et al. Local and continental correlates of the abundance of a neotropical cat. Journal of Tropical Ecology, v. 24, p. 189–200, 2008.

  • DUARTE, J. M. B. et al. Health assessment of wild deer in Brazil. Journal of Wildlife Diseases, v. 48, p. 89–100, 2012.

  • FERREGUETTI, A. C. et al. Density and habitat use by Mazama gouazoubira. Mammalia, v. 79, p. 1–8, 2015.

  • GONZÁLEZ, S. et al. Phylogeography of Mazama gouazoubira. Genetics and Molecular Biology, v. 38, p. 476–484, 2015.

  • ICMBio. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio/MMA, 2022.

  • IUCN. Red List of Threatened Species: Mazama gouazoubira. 2023. Disponível em: www.iucnredlist.org.

  • PINDER, L. Reproductive biology of Brazilian deer. University of Florida, 1996.

  • TOMAS, W. M. et al. Deer densities in Pantanal wetlands. Mammalia, v. 74, p. 23–27, 2010.

  • VOGLIOTTI, A.; DUARTE, J. M. B. Distribution of Mazama gouazoubira. Mammalian Biology, v. 74, p. 142–149, 2009.

  • WEBER, M.; GONZÁLEZ, S. Latin American deer diversity. Deer Specialist Group News, v. 16, p. 1–10, 2003.

  • WILSON, D. E.; REEDER, D. M. Mammal Species of the World. 3. ed. Johns Hopkins University Press, 2005.

Como Citar:

Portal DOUTORZOO. SOUZA, K. M. de.;  GUEDES, M. A. S.; CORREA, L. A.; ROCHA, D.  C. C. A Importância do Bem-Estar Animal para o Desempenho dos Equinos de Tração. Série: Enriquecimento Ambiental/ Comportamento e Bem Estar Animal. Artigo Técnico/ Conscientização/ Ponto de Vista/ Campanha nº 2. Disponível em: https://doutorzoo.com/a-importancia-do-bem-estar-animal-para-o-desempenho-dos-equinos-de-tracao. Publicado em 2025. Acesso em DIA/ MÊS/ ANO

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