
Comportamento Social de Caprinos: Organização, Isolamento e Agressividade
Comportamento Social de Caprinos: Organização, Isolamento e Agressividade Série: Criação e Manejo/ Comportamento e Bem Estar Animal/ Caprinos Projeto: Aprendendo com as Plantas e os Animais na Mini- Fazenda/ Eco Cidadão do Planeta ICA/UFMG. Artigo Técnico/ Ponto de Vista nº 1 Autores: Fred Figueiredo Queiroz e Sabrina Pinheiro Nascimento Orientador: Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG
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Doutor Zoo
9/29/2025

Comportamento Social de Caprinos: Organização, Isolamento e Agressividade
Série: Criação e Manejo/ Comportamento e Bem Estar Animal/ Caprinos
Projeto: Aprendendo com as Plantas e os Animais na Mini- Fazenda/ Eco Cidadão do Planeta ICA/UFMG.
Artigo Técnico/ Ponto de Vista nº 1
Autores: Fred Figueiredo Queiroz e Sabrina Pinheiro Nascimento
Orientador: Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG
Resumo
Resumo: A caprinocultura é uma atividade de grande importância socioeconômica, especialmente nas regiões de clima semiárido. O sucesso produtivo do rebanho está intrinsecamente ligado ao eficiente manejo reprodutivo, o qual deve ser baseado no conhecimento do comportamento natural dos animais. Esta revisão de literatura tem como objetivo compilar e discutir as principais características do comportamento reprodutivo de caprinos, abrangendo a época reprodutiva, a puberdade, o comportamento estral, a aceitação de monta, o efeito do macho, a gestação, o parto e a relação mãe-filho. Conclui-se que a compreensão desses aspectos etológicos é fundamental para a implementação de práticas de manejo que respeitem o bem-estar animal e maximizem a eficiência reprodutiva do rebanho caprino.
Palavras-chave: Etologia. Cabras. Ciclo Estral. Manejo Reprodutivo. Bem-estar Animal.
Introdução ao Comportamento Social dos Caprinos
O comportamento social dos caprinos é um aspecto fundamental para a compreensão das interações dentro do seu grupo. Essas interações não apenas influenciam a dinâmica social, mas também têm um papel crucial na sobrevivência e no bem-estar dessas espécies. Os caprinos, conhecidos por sua natureza Gregária, tendem a formar grupos que proporcionam vantagens como proteção contra predadores e otimização na busca por alimentos. A estrutura social dos caprinos é complexa e é influenciada por fatores como a hierarquia, a validação de comportamentos e a comunicação entre os indivíduos.
Dentro de seus grupos, os caprinos demonstram uma variedade de comportamentos sociais que podem ser observados através de interações como a brincadeira, a limpeza mútua e até mesmo a disputa por liderança. A hierarquia social é muitas vezes estabelecida por meio de comportamentos de dominância e submissão, o que ajuda a manter a ordem dentro do grupo. Essa estrutura organizacional se reflete em suas funções vitais, onde os indivíduos mais socialmente integrados costumam ter melhores oportunidades de acesso a recursos, como alimento e abrigo.
Além disso, a capacidade de formar vínculos sociais e interagir de maneira cooperativa é um fator essencial que contribui para a resiliência do grupo. Ao cultivar relacionamentos sociais positivos, os caprinos conseguem desenvolver uma rede de apoio, que é vital em situações adversas. O entendimento do comportamento social dos caprinos também é importante para aqueles que trabalham com manejo e cuidados dos animais, visto que tais conhecimentos podem facilitar práticas que promovam o bem-estar animal, influenciando positivamente tanto a saúde física quanto mental dos caprinos.
Organização Social e Hierarquia de Dominância
A sociedade caprina é organizada em torno de uma hierarquia de dominância linear e relativamente estável. Esta hierarquia é estabelecida e mantida através de interações agonísticas (disputas) e determina o acesso prioritário a recursos limitados e valiosos, como alimento, água, sombra e locais de descanso (LOREZ; BARTH, 2021).
A estrutura social dos caprinos é caracterizada por um sistema hierárquico, onde cada indivíduo ocupa uma posição definida dentro do grupo. Essa organização é fundamental para o funcionamento do grupo e influencia diretamente as interações sociais. Os caprinos frequentemente formam grupos sociais coesos, que podem variar em tamanho, mas geralmente são compostos por fêmeas adultas e seus filhotes, com a presença ocasional de machos. Os machos, especialmente durante a época de acasalamento, podem se tornar temporariamente parte do grupo, mas tendem a se isolar em outros momentos.
Dentro do grupo, as fêmeas estabelecem relações complexas, que incluem cuidado parental e a proteção da prole. As interações entre as fêmeas refletem uma hierarquia social, onde indivíduos mais dominantes supervisionam e controlam o acesso aos recursos, como comida e água. Essa dinâmica social é essencial para a sobrevivência do grupo, pois os caprinos, como animais de presa, dependem da coesão social para se protegerem de predadores. A liderança também pode ser observada, onde uma fêmea dominante ou um macho pode emergir como figura central na tomada de decisões e na orientação do grupo.
A dominância está frequentemente correlacionada com características físicas como tamanho corporal, presença e tamanho de chifres, idade e experiência. Fêmeas mais velhas e de maior porte tendem a ocupar os topo da hierarquia. A estabilidade da hierarquia é benéfica para o grupo, pois reduz a necessidade de conflitos físicos constantes e dispendiosos. Uma vez estabelecida, a ordem é mantida por meio de gestos ritualizados e ameaças, como olhares fixos, posturas corporais imponentes e investidas simbólicas, que são suficientes para que um animal subordinado ceda o espaço ou recurso (BARROSO et al., 2022).
Além das interações cotidianas, os caprinos também demonstram comportamentos de tolerância e cooperação, que são cruciais para a manutenção da estrutura social. O respeito às hierarquias sociais reduz o estresse e a competição dentro do grupo, favorecendo um ambiente mais harmonioso. Assim, a organização social dos caprinos é um componente vital para o seu sucesso ecológico e adaptativo, moldando tanto as suas interações sociais quanto a sua dinâmica de grupo.
O conhecimento desta estrutura é vital para o manejo. A mistura frequente de lotes ou a introdução de novos animais perturba essa estabilidade, levando a picos de agressividade até que uma nova hierarquia seja formada, causando estresse e potencialmente ferimentos.
Efeitos do Isolamento Social
O isolamento social é um fator ponderoso que pode impactar significativamente o comportamento e a saúde mental dos caprinos. Estudos recentes indicam que a ausência de interação com outros indivíduos da mesma espécie pode levar a uma série de mudanças comportamentais, que refletem o estado emocional dos animais. Os caprinos são naturalmente animais sociais, e sua vida em grupo é fundamental para o seu bem-estar psicológico. Quando isolados, muitos caprinos mostram sinais de estresse e ansiedade, o que pode manifestar-se em comportamentos agressivos ou de apatia.
A pesquisa revela que caprinos isolados tendem a apresentar comportamentos anormais, como vocalizações excessivas e agressões contra objetos ou até mesmo contra outros caprinos quando reintroduzidos a um grupo. A falta de interação social pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação entre os indivíduos, tornando os caprinos mais propensos ao estresse em situações sociais. Além disso, o isolamento pode interferir na capacidade dos caprinos de formar laços afetivos, algo que é essencial para a sua dinâmica social.
Como animais profundamente gregários, o isolamento social é reconhecidamente um dos estressores mais severos para um caprino. Estudos demonstram que a separação do rebanho desencadeia uma imediata e intensa resposta de estresse, caracterizada por:
Aumento significativo dos níveis de cortisol: principal hormônio do estresse (COSTA et al., 2021).
Comportamentos de protesto e desespero: vocalizações (bleitos) frequentes e de alta frequência, locomção intensa (caminhar de um lado para outro na cerca), tentativas de escape e vigilância excessiva.
Redução no tempo de ruminação e alimentação: indicativo de ansiedade e desconforto (BRIEF; MARX, 2022).
A longo prazo, o isolamento pode levar a estados crônicos de estresse, supressão do sistema imune e o desenvolvimento de comportamentos estereotipados (ex.: balanço corporal repetitivo), que são indicadores claros de comprometimento do bem-estar. Práticas de manejo que necessitem de isolamento temporário (como tratamento veterinário) devem ser realizadas de forma a minimizar este estresse, garantindo que o animal permaneça em contato visual e auditivo com seu grupo.
As consequências a longo prazo desse isolamento podem ser graves e incluem problemas de saúde mental, como depressão e um aumento na suscetibilidade a doenças. Caprinos que permanecem isolados por períodos prolongados podem desenvolver comportamentos estereotipados, que são ações repetitivas e sem propósito que indicam sofrimento emocional. Em consequência, é crucial para os cuidadores e criadores de caprinos assegurar que esses animais tenham oportunidades adequadas para interagir socialmente, promovendo um ambiente que favoreça suas necessidades de desenvolvimento emocional e social.
Coesão em Grupo e Comportamentos Afiliativos
A coesão em grupos de caprinos é um aspecto fundamental de seu comportamento social, influenciando diretamente a dinâmica e a estabilidade do grupo. Os caprinos, como animais sociais, estabelecem laços que vão além da mera convivência, formando interações complexas que ajudam a promover um ambiente seguro e colaborativo. A colaboração entre indivíduos não apenas possibilita a sobrevivência, mas também enriquece a experiência social dentro do grupo.
Um dos comportamentos que contribui significativamente para essa coesão é o grooming, que se refere à prática de cuidado mútuo entre os membros do grupo. Por meio do grooming, os caprinos não apenas mantêm a higiene, mas também reforçam vínculos sociais, demonstrando afeto e, consequentemente, aumentando a tolerância e a redução de conflitos. Esse comportamento é essencial para estreitar laços sociais e estabelece um nível elevado de confiança entre os indivíduos, facilitando a interação e a cooperação em momentos de necessidade.
A coesão do grupo é tão importante quanto a hierarquia para a estabilidade social. Esta coesão é promovida por uma série de comportamentos afiliativos (amigáveis) que fortalecem os laços entre os indivíduos:
Sincronia comportamental: os caprinos tendem a realizar suas atividades (pastejo, ruminação, descanso) de forma sincronizada. Esta sincronia maximiza a vigilância coletiva e é um forte indicador de coesão grupal (MIRANDA-DE-LA-LAMA; MATTIELLO, 2019).
Comunicação vocal: os "bleitos" de contato permitem que os animais localizem uns aos outros, especialmente quando visualmente separados, mantendo a unidade do grupo.
Alogrooming (cuidado social mútuo): um animal lambe ou catuca o outro, geralmente na região da cabeça e do pescoço. Este comportamento não só fortalece os vínculos sociais e reduz a tensão, mas também auxilia na higiene (NAVARRO; HUERTAS, 2020).
Contato corporal: durante o repouso, os caprinos frequentemente deitam-se tocando uns nos outros, o que promove termorregulação e segurança.
Além do grooming, os jogos sociais desempenham um papel vital na formação de laços entre caprinos. As interações lúdicas não apenas oferecem uma forma de entretenimento, mas também são fundamentais para a aprendizagem e desenvolvimento social. Durante esses jogos, os caprinos experimentam uma variedade de interações, que incluem correr, saltar e brincar uns com os outros. Essas atividades lúdicas ajudam a estabelecer hierarquias e a entender os papéis sociais, promovendo uma estrutura organizacional que é benéfica para o grupo como um todo.
Portanto, a coesão em grupos de caprinos, que é cultivada através do grooming e das interações sociais lúdicas, se revela essencial para a criação de um ambiente social estável. Tal estabilidade não apenas fortalece os laços entre os caprinos, mas também aumenta suas chances de sobrevivência em ambientes naturais desafiadores.
Comportamento de Disputa e Agressividade
O comportamento agressivo entre caprinos é um fenômeno comum que pode surgir devido a várias circunstâncias, principalmente relacionadas à competição por recursos limitados, como alimento e água. Além disso, a disputa por status social dentro do grupo frequentemente desencadeia respostas agressivas. As interações sociais entre caprinos são complexas e refletidas na hierarquia social que se forma entre eles. Quanto mais forte o desejo de um caprino por ascender nesta hierarquia, maior a probabilidade de se engajar em comportamentos de disputa.
A competitividade se intensifica em situações onde os recursos são escassos, resultando em confrontos que vão desde demonstrações de ameaça, como chifrada, até lutas físicas eliminatórias. Os machos, em particular, tendem a exibir comportamentos mais agressivos durante a época de reprodução, quando a competição por fêmeas se torna acirrada. Mesmo entre fêmeas, o status pode desempenhar um papel significativo e tornar o ambiente mais tenso, especialmente quando elas buscam estabelecer seu lugar dentro do grupo social. Tais disputas, embora naturais, podem resultar em ferimentos, estresse e até mesmo a exclusão de indivíduos mais fracos.
Os comportamentos agonísticos (que incluem tanto agressão quanto submissão) são inerentes à estabelecimento e manutenção da hierarquia. As interações agressivas mais comuns incluem investidas, golpes de cabeça (com a testa ou chifres), empurrões e montas simbólicas (SÁEZ; ORGEUR, 2021).
É crucial diferenciar conflitos de estabelecimento de hierarquia de conflitos resultantes de manejo inadequado. No primeiro caso, as agressões são geralmente ritualizadas, de baixa intensidade e diminuem drasticamente uma vez a hierarquia definida. No segundo caso, fatores como superlotação, competição por recursos escassos (como comedouros pequenos) e mistura frequente de animais podem levar a agressões mais frequentes, intensas e potencialmente perigosas, causando ferimentos e estresse crônico para todo o grupo (BATTINI et al., 2020). O comportamento agressivo anormalmente alto é, portanto, um importante indicador de que o ambiente ou o manejo não estão atendendo às necessidades naturais dos animais.
A agressividade entre caprinos pode também ser uma manifestação de instabilidade emocional, que pode afetar a dinâmica do grupo e a saúde individual. A presença de caprinos mais agressivos pode influenciar o comportamento de outros, levando a um clima de ansiedade e medo. Essa realidade reforça a importância de um manejo adequado nas práticas de criação e no manejo do rebanho, visando minimizar a agressividade e promover a convivência pacífica entre os animais. Constatando os fatores subjacentes à agressividade, consegue-se fomentar um ambiente mais harmonioso e equilibrado entre caprinos, contribuindo assim para o bem-estar geral do grupo.
Estratégias de Resolução de Conflitos
Os caprinos, assim como muitos outros animais sociais, apresentam um conjunto diversificado de estratégias para resolver conflitos e reduzir a agressividade dentro dos seus grupos. Essas estratégias são essenciais para a manutenção da coesão social e a prevenção do estresse que pode surgir em situações de confrontação. Entre as táticas utilizadas, destacam-se os comportamentos de apaziguamento e negociação, que são vitais para promover a harmonia entre os membros do grupo.
Um exemplo comum de comportamento de apaziguamento é o contato visual evitado, onde um caprino desvia o olhar de um indivíduo que pode representar uma ameaça. Essa ação pode ser vista como um sinal de submissão, que, ao ser reconhecido pelo outro, frequentemente resulta em uma diminuição da tensão entre os indivíduos envolvidos. Outra estratégia eficaz é a aproximação gradual, onde o caprino se aproxima de forma lenta e não ameaçadora, aumentando a probabilidade de uma interação pacífica.
A negociação também desempenha um papel importante na resolução de conflitos entre caprinos. Quando um desentendimento ocorre, os indivíduos frequentemente se envolvem em uma série de interações sociais que envolvem vocalizações, como balidos e grunhidos, que podem expressar emoções variáveis, desde a agressão à submissão. Essas chamadas podem permitir que o grupo renegocie suas posições hierárquicas, de modo a chegar a um entendimento mútuo que satisfaça todos os membros. Essa comunicação sutil promove entendimento e colaborações, resultando em um ambiente de convivência mais estável.
A análise do comportamento social dos caprinos revela uma espécie complexa e altamente gregária, cujo bem-estar está profundamente enraizado na vida em grupo com estrutura social definida. A organização hierárquica linear proporciona ordem e previsibilidade, minimizando gastos energéticos com conflitos. O isolamento social emerge como uma prática profundamente estressante que deve ser evitada ou minimizada ao máximo. A coesão do grupo, mantida por sincronia, comunicação e comportamentos afiliativos, é fundamental para a sensação de segurança dos indivíduos. Por fim, o comportamento agressivo, though natural, serve como um barômetro do bem-estar do rebanho; níveis elevados e persistentes sinalizam falhas no manejo ou no ambiente.
Essas estratégias de resolução de conflitos não apenas beneficiam os indivíduos envolvidos, mas também ajudam a preservar o vínculo social entre todos os membros do grupo. Ao minimizar a agressividade e fomentar a cooperação, os caprinos garantem a sobrevivência e bem-estar do grupo como um todo, em um sistema social que prospera na harmonia e na colaboração.
Considerações: Importância do Comportamento Social nos Caprinos
O comportamento social dos caprinos é um aspecto fundamental para a compreensão de sua saúde e bem-estar. Ao longo deste post, discutimos como a organização social, o isolamento e a agressividade influenciam não apenas a convivência entre os animais, mas também suas respostas a diferentes ambientes e interações. Caprinos são animais que revelam um comportamento altamente social, o que está diretamente relacionado à sua sobrevivência e adaptação no meio natural, bem como em sistemas de criação.
A estrutura social dos caprinos é complexa, com hierarquias e dinâmicas que determinam a interação entre indivíduos. Compreender essa organização é vital para promover um ambiente que satisfaça suas necessidades sociais e psicológicas. Quando um caprino é isolado, podem ocorrer fenômenos negativos, como estresse e inquietação, que afetam sua saúde geral. Por outro lado, a socialização adequada pode levar a um aumento no bem-estar, permitindo que os caprinos desenvolvam comportamentos naturais e saudáveis.
A agressividade, embora muitas vezes considerada um comportamento indesejado, também desempenha um papel crucial na dinâmica social. Reconhecer as causas desse comportamento e suas consequências permite uma melhor gestão dos grupos, contribuindo para a prevenção de conflitos e ferimentos. Tais relações sociais não apenas garantem a coesão do grupo, mas também fornecem percepções valiosas sobre o comportamento animal em um contexto mais amplo.
As implicações práticas são evidentes: os sistemas de produção caprina devem ser desenhados para acomodar a natureza social dos animais. Isso inclui fornecer espaço adequado para evitar competição excessiva, garantir recursos (comida, água) em quantidade e disposição que minimizem conflitos, evitar a mistura desnecessária de lotes e garantir que os animais mantenham sempre contato com seus coespecíficos. Respeitar a sociabilidade dos caprinos não é apenas uma questão de ética, mas uma estratégia inteligente para garantir a saúde, o bem-estar e a produtividade sustentável do rebanho.
Portanto, levar em consideração o comportamento social dos caprinos é essencial para aprimorar as práticas de manejo e promover a saúde mental e física desses animais. A pesquisa e a observação contínuas em relação a seus comportamentos sociais são necessárias para garantir que possamos satisfazer suas necessidades de forma eficaz.
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