
Graxaim-do-Campo (Lycalopex gymnocercus): O Zorro-Gris da Natureza
Série: Animais Silvestres/Educação e Interpretação Ambiental Projetos: Aprendendo com os Animais e Plantas na Mini-Fazenda/ Eco Cidadão do Planeta ICA/UFMG. Artigo Técnico/ Conscientização/ Ponto de Vista nº 4 Autor: Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG
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Doutor Zoo
1/7/2025



Graxaim-do-Campo (Lycalopex gymnocercus): O Zorro-Gris da Natureza
Série: Animais Silvestres/Educação e Interpretação Ambiental
Projetos: Aprendendo com os Animais e Plantas na Mini-Fazenda/ Eco Cidadão do Planeta ICA/UFMG.
Artigo Técnico/ Conscientização/ Ponto de Vista nº 4
Autor: Délcio César Cordeiro Rocha ICA/UFMG
Introdução
O graxaim-do-campo, também denominado zorro-gris ou 'pampa fox', é uma espécie de mamífero pertencente à família dos canídeos, conhecida cientificamente como Lycalopex gymnocercus. Este canídeo é amplamente encontrado nas regiões de savanas e campos abertos da América do Sul, especialmente nas áreas centrais do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Sua presença desempenha um papel fundamental no ecossistema, contribuindo para o equilíbrio das populações de pequenas espécies de mamíferos e repteis.
Os graxaíns-do-campo são predadores versáteis, alimentando-se de uma dieta variada que inclui pequenos roedores, aves, insetos e frutos. Essa diversidade alimentar ajuda a regular as populações de suas presas, evidenciando sua importância ecológica. Além disso, os graxaíns atuam como dispersores de sementes, colaborando com a regeneração de várias plantas nativas em seu habitat. Essa função é crucial para a manutenção da biodiversidade nas áreas que habitam.
A relação entre os graxaíns e os humanos é complexa e multifacetada. Embora muitas vezes eles sejam vistos como uma ameaça à pecuária local devido a ataques a pequenas criações, sua influência no controle de pragas e contribuindo para a saúde do ecossistema não pode ser subestimada. Nos últimos anos, a conservação do graxaim-do-campo tem se tornado prioridade em algumas regiões, promovendo a co-existência pacífica entre o homem e a fauna. Investigações em andamento e programas de sensibilização buscam proteger essa espécie que, apesar de sua resiliência, enfrenta riscos significativos à sua sobrevivência devido à perda de habitat e mudança climática.
Habitat do Graxaim-do-Campo
O graxaim-do-campo, também conhecido como zorro-gris, é um mamífero nativo da América do Sul, frequentemente encontrado em diferentes tipos de habitat que vão desde áreas campestres até matas ciliares. Esse animal é mais prevalente em regiões abertas, como campos e pradarias, onde a vegetação é mais esparsa, permitindo uma melhor visibilidade e facilidade para a caça. Essas zonas campestres oferecem ao graxaim-do-campo uma dieta diversificada, composta principalmente por pequenos mamíferos, pássaros, frutas e insetos.
Além das áreas abertas, o graxaim-do-campo também demonstra uma notável capacidade de adaptação a ambientes que incluem bordas de matas e banhados. Essas regiões apresentam uma mistura de vegetação alta e baixa, criando um cenário ideal para o comportamento natural do graxaim-do-campo, já que permite o uso de esconderijos eficazes durante a caça e uma fonte de água próxima. Sua habilidade de explorar diferentes habitats contribui para a sua sobrevivência, uma vez que a disponibilidade de alimento e abrigo pode variar conforme a estação e as mudanças climáticas.
A interação do graxaim-do-campo com esses diferentes ambientes influencia significativamente seu comportamento. Por exemplo, em áreas campestres, eles tendem a ser mais ativos durante o dia, aproveitando a luz para caçar, enquanto em matas ciliares podem exibir padrões mais noturnos, buscando se proteger de predadores. Essa flexibilidade na escolha do habitat não só mostra a resiliência da espécie, mas também destaca a importância da preservação desses ecossistemas variados, que são essenciais para a manutenção da biodiversidade e do equilíbrio ecológico na região.
Hábitos Noturnos
O graxaim-do-campo, também conhecido como o zorro-gris, é um mamífero fascinante que se destaca por seus hábitos noturnos. Adaptações comportamentais e fisiológicas permitem que essa espécie opere predominantemente durante a noite. Esta escolha de estilo de vida noturno é uma estratégia evolutiva que proporciona diversas vantagens, incluindo uma redução na competição com outros predadores e a minimização dos riscos associados à predação.
Uma das principais razões para a atividade noturna do graxaim-do-campo é a sua busca por alimento. Durante a noite, o zorro-gris pode explorar uma variedade de ecossistemas em busca de presas, como pequenos roedores, insetos e até frutas. Além disso, a temperatura mais amena durante as horas noturnas é benéfica, permitindo que o animal conserve energia e evite o estresse térmico típico dos ambientes mais quentes durante o dia.
Os hábitos noturnos do graxaim-do-campo também são facilitados por adaptações sensoriais. Com olhos adaptados à penumbra, essa espécie possui uma visão noturna superior que facilita a detecção de movimentos e a localização de presas em ambientes com iluminação reduzida. Os sentidos apurados de olfato e audição também desempenham papéis críticos, permitindo ao graxaim-do-campo navegar em seu território e se comunicar eficientemente com outros membros de sua espécie.
Além disso, a vida noturna influencia as interações do graxaim-do-campo com outros animais. Ao estar ativo enquanto muitos predadores estão dormindo, o zorro-gris evita encontros indesejados. Contudo, essa adaptação não é isenta de desafios, já que a competição com outros predadores noturnos, como corujas e raposas, pode ser intensa. Assim, compreender os hábitos noturnos do graxaim-do-campo é essencial para apreciar sua estratégia de sobrevivência no ecossistema.
Características Físicas do Graxaim-do-Campo
O Lycalopex gymnocercus, conhecido também como zorro-gris, é um mamífero característico de diversos ambientes na América do Sul. Esse animal apresenta um tamanho médio, com uma altura que varia entre 40 a 60 centímetros e um comprimento corporal que pode chegar a até 1 metro, incluindo a cauda. A cauda, por si só, tem cerca de 30 centímetros de comprimento e é uma extensão significativa do corpo do graxaim, contribuindo para seu equilíbrio e agilidade enquanto se move por diferentes terrenos.
A coloração do graxaim-do-campo é uma das suas características mais marcantes. Ele geralmente possui um pelame que varia do cinza-claro ao marrom, com um padrão que pode incluir manchas escuras e listras. Esse padrão de coloração oferece uma camuflagem eficaz em ambientes naturais, ajudando o graxaim a se misturar com a vegetação e o solo, o que é vital para evitar predadores e facilitar a caça de presas. As pernas do graxaim são longas e delgadas, com patas que apresentam garras retráteis, permitindo que o animal escale e corra em diversos tipos de terreno, desde florestas densas até savanas abertas.
As orelhas do graxaim-do-campo são médias em tamanho e têm a capacidade de se mover independentemente, o que melhora sua audição e o ajuda a detectar sons provenientes de competidores e presas. Esta adaptação é crucial para a sobrevivência da espécie, já que o graxaim é um animal onívoro que depende de uma dieta diversificada, que inclui pequenos vertebrados, insetos e frutas. Assim, as características físicas do graxaim-do-campo, incluindo seu tamanho, coloração, e a estrutura de suas patas e orelhas, desempenham um papel fundamental na sua capacidade de sobreviver e prosperar em ambientes variados.
Dieta e Alimentação do Graxaim-do-Campo
O graxaim-do-campo, possui uma dieta onívora bastante diversificada, o que lhe permite adaptar-se a diferentes ambientes e estações do ano. Este animal se alimenta de uma variedade de alimentos, que incluem pequenos vertebrados, invertebrados e frutas. Essa flexibilidade na alimentação é essencial para sua sobrevivência em habitats variados, desde campos abertos até áreas mais arborizadas.
A inclusão de pequenos vertebrados, como roedores e aves, no cardápio do graxaim-do-campo demonstra sua habilidade de caça. Esses animais também consomem invertebrados, como insetos e moluscos, que são disponíveis em muitos habitats e oferecem uma fonte valiosa de proteína. Durante os meses mais quentes, a dieta se enriquece com a abundância de frutas e vegetais da estação. Essa variação é fundamental, já que as frutas não apenas complementam a alimentação, mas também fornecem hidratação necessária em períodos secos.
As técnicas de forrageamento são muito desenvolvidas. Eles utilizam tanto a busca ativa por alimentos quanto a observação do comportamento de outras espécies, o que lhes permite localizar fontes de alimento de forma eficiente. A habilidade de escanear o ambiente em busca de sinais de presas é uma característica observada em sua forma de vida. Além disso, a variabilidade na dieta ao longo do ano reflete a adaptação do graxaim-do-campo às mudanças sazonais, onde recursos alimentares podem ser escassos ou abundantes.
Os padrões de alimentação e forrageamento do graxaim-do-campo são, portanto, fundamentais para sua sobrevivência, assegurando que ele possa prosperar em ambientes naturais diversos, mantendo tanto sua saúde quanto seu papel ecológico.
Mitos e Realidades sobre o Graxaim-do-Campo
O zorro-gris, é frequentemente cercado por mitos que distorcem a sua verdadeira natureza. Uma das concepções mais comuns é a ideia de que esse animal representa uma ameaça significativa a animais domésticos, como gatos e cães. Essa percepção errônea pode levar a um temor injustificado e à caça indiscriminada da espécie, prejudicando o equilíbrio ecológico local. É essencial compreender que o graxaim-do-campo tem um papel importante nos ecossistemas, atuando como um carnívoro que controla populações de pequenos roedores e insetos, ao invés de ser um predador primário de animais de estimação.
Embora o graxaim-do-campo pertença à família dos canídeos, suas interações com a fauna doméstica são geralmente ocasionais e não representam a dinâmica de predador e presa como muitos acreditam. Na verdade, esses animais costumam evitar áreas urbanas e habitadas, preferindo habitats naturais onde podem se alimentar de frutas, insetos e pequenas presas. A caça excessiva e a perseguição de graxains, motivadas pelo medo infundado de que eles sejam uma ameaça, podem levar a uma redução significativa em suas populações e, consequentemente, ocasionar efeitos adversos no ambiente em que vivem.
Os mitos que envolvem o graxaim-do-campo também influenciam políticas públicas e atitudes sociais em relação à conservação da biodiversidade. Ao educar as pessoas sobre a verdadeira natureza desses animais, é possível desacelerar o ciclo de desinformação e promover uma coexistência mais harmoniosa entre humanos e a vida selvagem. No futuro, reforçar os fatos e desmistificar as crenças populares sobre o graxaim-do-campo é crucial para proteger esta espécie e assegurar a saúde dos ecossistemas em que ela desempenha um papel vital.
Conservação e Ameaças
O graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus), também conhecido como zorro-gris, desempenha um papel vital no ecossistema em que habita. No entanto, sua sobrevivência enfrenta sérias ameaças, principalmente devido à perda de habitat e à caça. A degradação dos ambientes naturais, decorrente de atividades humanas como a agricultura e a urbanização, tem levado à diminuição das áreas onde esses animais podem viver e se reproduzir. A fragmentação de habitats dificulta a mobilidade do graxaim-do-campo, afetando suas interações sociais e a possibilidade de encontrar alimento e parceiros para reprodução.
Além da perda de habitat, a caça representa outra ameaça significativa para o graxaim-do-campo. Embora a caça para consumo não seja tão comum quanto outras práticas de exploração, ainda existem relatos de captura e perseguição, motivados por preconceitos ou para a utilização de sua pelagem. Essa situação se agrava com a falta de legislações adequadas que protejam esses animais em algumas regiões, tornando-os vulneráveis à extinção em áreas onde a população já está em declínio.
Conservar o graxaim-do-campo é essencial não apenas para a manutenção da biodiversidade, mas também para o equilíbrio dos ecossistemas onde ele interage. Programas de conservação e sensibilização pública desempenham um papel crucial. Estas iniciativas podem incluir ações de reabilitação de habitats, campanhas educativas e regulamentações que restrinjam a caça. A preservação de áreas naturais e a promoção de corredores ecológicos são fundamentais para garantir que o graxaim-do-campo continue a existir no seu habitat. É vital o engajamento da comunidade e o fortalecimento de políticas ambientais que assegurem a proteção deste importante mamífero. Assim, podemos trabalhar em conjunto para garantir a sua sobrevivência e a saúde dos ecossistemas nos quais ele habita.
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